A Marinha do Brasil está reforçando a proteção de seus sistemas navais com a criação do Esquadrão de Guerra Cibernética. Além disso, esta nova unidade, que está subordinada ao Comando Naval de Operações Especiais, busca expandir a capacidade de resposta rápida a ameaças no ciberespaço. Ademais, a criação do esquadrão ocorre em um contexto crítico, após um incidente global significativo. Por exemplo, no dia 19 de julho, uma falha na atualização de um software de segurança causou o maior apagão tecnológico já registrado. Consequentemente, este colapso afetou serviços bancários, sistemas de saúde, voos e transmissões de TV.
Reação Global e Criação de Centro Integrado de Defesa Cibernética
Apesar de o CEO da CrowdStrike, George Kurtz, ter afirmado que o evento não foi um ataque cibernético, a situação gerou um alerta global sobre a vulnerabilidade dos sistemas digitais. Em resposta, os países da OTAN anunciaram a formação de um centro integrado de defesa cibernética. Este centro visa compartilhar informações sobre ameaças e vulnerabilidades, abrangendo infraestruturas civis que suportam atividades militares.
Histórico e Iniciativas Brasileiras em Defesa Cibernética
O Brasil já conta com o Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) desde 2010, coordenado pelo Exército Brasileiro. Neste ano, a Marinha criou o Esquadrão de Guerra Cibernética, que tem como objetivo melhorar a capacidade de resposta a ameaças cibernéticas. Além disso, a nova unidade está em fase de implantação e atuará em sistemas automatizados de navios, veículos e aeronaves. De fato, o Brasil, que foi o país mais visado para ataques na América Latina e o quarto no mundo em 2023, está, portanto, intensificando suas medidas de proteção cibernética.
Sistemas cada vez mais automatizados requerem mais investimento em segurança – Imagem: Primeiro-Sargento-ET Paulo Cesar
Ameaças e Sabotagem Digital: Casos Recentes
Os ataques cibernéticos têm se tornado cada vez mais comuns e sofisticados. Recentemente ocorreu a invasão de ciberpiratas russos ao sistema da gigante de telecomunicações ucraniana Kyivstar, afetando cerca de 24 milhões de usuários em dezembro do ano passado. Illia Vitiuk, Chefe do Departamento de Cibersegurança da Ucrânia, descreveu o ataque como “um ciberataque devastador, que destruiu completamente o coração de uma operadora de telecomunicação.”
Dependência Tecnológica e Estratégias de Proteção
A crescente dependência tecnológica expõe as sociedades a novos riscos. Consequentemente, a falta de controle sobre o desenvolvimento e integração de sistemas tecnológicos é um fator de vulnerabilidade significativo. Por exemplo, “a dependência tecnológica externa contribui para ampliar ameaças em diversos aspectos, uma vez que passamos a não controlar todo o ciclo de desenvolvimento e integração de nossos sistemas. Portanto, nesse contexto, a Marinha tem atuado para obter independência na integração e no desenvolvimento de diversos projetos estratégicos”, explica o Almirante Campos Mello.
Investimentos e Condições para Transferência de Tecnologia
A Marinha está condicionando seus contratos internacionais à transferência de tecnologia, como é o caso das Fragatas Classe “Tamandaré” e do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado. No nível tático, a criação do Esquadrão de Guerra Cibernética se integra a outras estruturas da Marinha, como a Diretoria de Comunicações e Tecnologia da Informação e o Centro de Inteligência da Marinha. O objetivo é prevenir e combater ameaças cibernéticas de forma mais eficaz.
Base de Submarinos da Ilha da Madeira, em Itaguaí (RJ), abriga o núcleo de implantação do Esquadrão de Guerra Cibernética da Marinha – Imagem: Marinha do Brasil
Treinamento e Capacitação Internacional
Embora o Esquadrão de Guerra Cibernética seja recente, o Brasil já tem experiência em treinamentos de defesa cibernética. Em 2024, a Escola Superior de Defesa em Brasília sediará a sexta edição do Exercício Guardião Cibernético, o maior treinamento de defesa cibernética do Hemisfério Sul. No ano passado, o exercício capacitou mais de mil profissionais de diferentes países para enfrentar situações complexas.
Colaboração com a Sociedade Civil e Treinamentos Multinacionais
Em maio de 2024, militares brasileiros participaram do Cyber Flag 24-1, um dos principais exercícios multinacionais de combate cibernético coordenado pelos EUA. O Contra-Almirante Marcelo do Nascimento Marcelino, Chefe do Centro de Gestão Estratégica do ComDCiber, enfatiza a importância da colaboração: “Reveste-se de fundamental importância a sinergia entre as Forças Armadas e demais instituições do governo com a sociedade civil, a academia e o setor empresarial. Uma abordagem holística e colaborativa incentiva o compartilhamento de iniciativas e boas práticas, com vistas a aumentar a resiliência cibernética do País.”
Avanços na Proteção Cibernética
O Brasil está dando passos significativos para melhorar sua proteção contra ameaças digitais. A criação do Esquadrão de Guerra Cibernética e a participação em exercícios internacionais são exemplos do comprometimento contínuo do país com a segurança cibernética. A integração de medidas de proteção e colaboração internacional fortalece a posição do Brasil no combate às ameaças no ciberespaço.
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Por: Militar Caveira