No início de julho, a Marinha do Brasil alcançou um marco histórico em sua trajetória. Em uma cerimônia significativa no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (CIAMPA), no Rio de Janeiro, 660 jovens celebraram a conclusão do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais (C-FSD-FN). Dentre eles, destacaram-se as 114 primeiras mulheres formadas como Soldados Fuzileiros Navais. Primeiramente, a cerimônia não apenas comemorou a formatura dos novos Combatentes Anfíbios, mas também solidificou o compromisso da Marinha com a igualdade de gênero. Ademais, a presença feminina completa o ciclo de inclusão em todos os Corpos e Quadros da Força Naval, simbolizando uma nova era de oportunidades iguais para homens e mulheres nas Forças Armadas brasileiras.
Formatura de Fuzileiros Navais. Fonte: Marinha do Brasil
Cerimônia
A cerimônia contou com a presença de autoridades de alto escalão, como o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, e o Ministro de Estado da Defesa, José Mucio Monteiro. Notavelmente, também estiveram presentes o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, bem como representantes dos poderes Legislativo e Judiciário. O evento foi uma demonstração da importância desta conquista para o país.
Durante o seu discurso, o Ministro da Defesa agradeceu às famílias dos soldados por confiarem seus filhos à Marinha do Brasil. “Através da Marinha, eles aprenderão a defender o país. De fato, o dia de hoje representa uma conquista pessoal significativa, construída com muito esforço, abdicação, sacrifício e empenho para superar os diversos desafios dessa jornada. Portanto, o mérito desta vitória pertence a cada um de vocês”, frisou.
Paralelamente, o Comandante da Marinha destacou a importância deste marco para a instituição. “Esta cerimônia consagra a transição de jovens para guerreiros e guerreiras vibrantes, defensores da integridade da Pátria brasileira. Indiscutivelmente, a formação de 114 combatentes anfíbias é digna de reconhecimento, personificando o vigor e a capacidade das mulheres para desempenhar com excelência as vicissitudes do cotidiano militar. Assim, este feito inédito ratifica que o mérito é o único critério inconteste para ocupar posições de relevância e responsabilidade na instituição”, declarou o Almirante.
Adaptações
Por conseguinte, a Marinha do Brasil realizou adaptações significativas para incluir as mulheres em seu efetivo, compreendendo a importância de reconhecer as diferenças e aproveitar as habilidades individuais. Nesse sentido, alterou-se uniformes, coletes e armamentos, além de implementar o reconhecimento facial em alojamentos para garantir a segurança. Dessa forma, coletes balísticos, coldres e painéis de perna foram adaptados para evitar lesões, demonstrando o compromisso com a saúde e a segurança das novas soldadas.
Entretanto, a inclusão das mulheres não se limitou a ajustes logísticos. Em um exemplo inspirador, Letícia Cristina Alves, a segunda colocada geral no curso, expressou seu orgulho em integrar a primeira turma de combatentes femininas. “É um orgulho gigantesco representar todas as 114 meninas que conseguiram se formar aqui”, afirmou. Além disso, os pais de Letícia, Cristine de Souza Alves e Dailson Alves, compartilharam o desafio da distância durante o treinamento. Contudo, enfatizaram a importância de apoiar o sonho da filha: “Ela ficou esse tempo todo longe de casa, mas a gente sempre acreditou. Mesmo sendo difícil para os pais, a gente faz um esforço, porque é o sonho da nossa filha e o sonho dela é o nosso. Assim, estamos vivendo o sonho: a formação dela”, afirmaram.
O curso de formação
O curso, que durou 19 semanas, exigiu alta resistência física e mental dos participantes. Em abril de 2024, a turma de mulheres concluiu a etapa inicial do Curso de Soldados Fuzileiros Navais. Após isso, a segunda fase teve início e foi finalizada em 5 de julho de 2024. Durante este período, os Aprendizes-Fuzileiros Navais enfrentaram uma rotina intensa de atividades letivas e físicas. Além disso, o treinamento incluiu aprendizado teórico em disciplinas como “Instrução Básica de Combate”, “Armamento e Tiro” e “Operações”. Também, os alunos participaram de três exercícios de campo, sendo o último realizado na Ilha da Marambaia. Este exercício final simbolizou a transformação dos aprendizes em combatentes anfíbios. Após a formatura, os Soldados Fuzileiros Navais podem ser designados para servir em Organizações Militares em qualquer parte do território nacional, reforçando a prontidão estratégica da Marinha do Brasil.
Por outro lado, a presença feminina na Marinha não é um fato novo. Na realidade, a história da participação feminina começou em 1980, com a criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva. Nos anos 90, a Marinha reestruturou-se para ampliar a participação feminina em cargos de direção e comando. Consequentemente, em 2012, a Contra-Almirante (Médica) Dalva Maria Carvalho Mendes tornou-se a primeira militar brasileira a alcançar o posto de Oficial-General. Posteriormente, em 2014, a Escola Naval formou sua primeira turma de aspirantes femininas, e em 2023, mulheres ingressaram na Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina e no Colégio Naval. Dessa forma, a inclusão das novas Soldados Fuzileiros Navais em 2024 completa um ciclo pioneiro da Força, demonstrando o compromisso contínuo com a igualdade de gênero.
Formatura de Fuzileiros Navais. Fonte: Marinha do Brasil
Marco histórico
A formatura da primeira turma mista de Soldados Fuzileiros Navais representa um avanço significativo para a Marinha do Brasil e para a sociedade brasileira como um todo. Afinal, este marco simboliza a quebra de barreiras e a abertura de novas oportunidades para mulheres nas Forças Armadas, fortalecendo a instituição com diversidade e inovação. Assim sendo, a Marinha do Brasil continua a se destacar como uma força inclusiva e moderna, preparada para enfrentar os desafios do presente e do futuro com determinação e competência.
Por: MILITAR CAVEIRA